Techno-xamanismo como estilo de vida numa cultura universal




Boom Festival



“The sun is setting. While some people are
having fun juggling, an older woman offers to
paint the body of anyone who wants with white
and green inks. Some backdrop pictures and
other fluorescent paintings showing stars,
spaceships, musical notes, fractals and
mushrooms are ready while fluorescent threedimensional
string art objects arrive out of
nowhere”

(Napo - Full On - IsraTrance)





A Concepção.


O universo do psy-trance foi concebido na década de 1960, com o surgimento, e, enorme crescimento da contracultura hippie. A ideologia e estilo de vida hippie tiveram grande expressão da cidade de São Francisco, por ser uma cidade extremamente miscigenada de culturas e etnias, ao mesmo tempo em que era uma cidade tolerante às diferenças, comparando-se ao resto dos Estados Unidos. Os hippies defendiam a paz, o amor, a liberdade de expressão, sexo e até o uso de drogas, claro que falo de forma generalizada, pois não é a minha proposta definir de forma minuciosa a cultura hippie. O que posso afirmar que esta era a ideologia alternativa da época.  Que por sinal, se trata de uma ideologia extremamente atrativa, era o período pós Segunda Guerra, e também um momento onde o antimilitarismo era comum.


Esta contracultura propunha a aproximação do ser humano com a natureza, alcançar um estado de graça onde todos e tudo no mundo se tornariam unos. O homem deveria praticar o desapego, inclusive dos paradigmas da realidade e da sociedade. Novamente o homem deveria ser simples, harmonioso e acima de tudo, defender a paz.


Vale perceber que um grande motor para este movimento eram as próprias drogas, destacando-se o LSD (ácido lisérgico) e a maconha (cannabis sativa), pois, com o uso das mesmas, se passava a perceber que a realidade não era somente o que percebemos. Vemos a realidade desta maneira por pensarmos que ela seja deste modo (Castanheda, 1964). Drogas como o LSD, ativam o campo sensorial do ser humano, e de acordo com os ideais “alternativos” dos anos 60, era o melhor catalisador para a mente humana.


Ressurgia nesta cultura os ensinamentos ancestrais do xamanismo e os orientais, principalmente os indianos. O Yoga passa a ser prática comum, a busca por plantas medicinais e o resgate do conhecimento dos índios passa a ser metas nas vidas das pessoas; o rock psicodélico leva legiões a uma pequena cidade, a arte contemporânea avança; a partir deste momento o real não era o suficiente, a arte queria expressar o extra-sensorial, e o modo correto de se viver deveria ser reaprendida com os antigos xamãs. Esta questão será mais explanada após certa análise do LSD.


O LSD (dietilamida do ácido lisérgico), por suas características alucinógenas, era a principal droga do movimento. A realidade passa a ser percebida a partir de outros ângulos e possibilidades reais e mutáveis, assim como o ser humano. As drogas eram utilizadas; de acordo com sua responsabilidade pessoal, coletiva e até mesmo numa percepção espiritual. De acordo com sua ideologia, o destas drogas mais as práticas esotéricas, poderia se alcançar a tão buscada harmonia, que por fim, beneficiaria o mundo num todo. (Davis, 1986)


Esta era a comunidade hippie, era um estilo de vida. Os que realmente seguiam este caminho eram chamados de “heads”, em contraposição aos “freaks” que encontraram no mundo psicodélico um campo fértil para o uso desenfreado de drogas e ficar com a consciência aliviada, pois agora, “tudo se poderia fazer”. Era assim que os hippies eram percebidos e julgados, eram somente “freaks” os “heads” na concepção geral era simplesmente a desculpa, não algo existente. Os hippies eram uma tribo tão diferente ao que já se vivia, defendiam coisas tão absurdas para a época... Ele já não era mais um visionário, passou a ser o incognoscível, o estranho, o drogado. Unicamente porque compreendê-lo é difícil.


Antigamente, o “distante desconhecido” era estereotipado com formas monstruosas (Burke, 2004), agora o “distante desconhecido” esta em outro plano, não mais no físico, mas sim no campo mental. O “distante desconhecido” já não era visto com uma forma monstruosa, e sim de uma forma louca, o estereótipo era chamar e ser chamado de louco. Este era o melhor remédio para uma geração que queria desfrutar de toda a liberdade que lhe foi desprovida nas décadas anteriores.


Temos neste momento (vale lembrar que os momentos citados não são datados, devido à impossibilidade de se fazer uma análise temporalmente precisa do desenvolvimento da cultura hippie, que se estende da década de 1950 até a década de 1970) duas personalidades importantes. O Dr. Hoffman e Timothy Leary. O primeiro, Hoffman, criou o LSD enquanto fazia experimentos químicos com substâncias que serviriam para diminuir o sangramento no parto, e, de forma acidental, tomou desta substância (que estava em suas mãos). Ao sentir os efeitos do LSD, decidiu interromper sua pesquisa no momento (1938) e futuramente estudou melhor o sintético (1943). Com mais estudos, o LSD passou a ser utilizado de forma terapêutica para o tratamento de alcoolismo e disfunções sexuais. O LSD passa a ser estudando também por Timothy Leary, que faz um manual baseado no “Livro dos Mortos” dos tibetanos com o uso espiritualizado de substâncias alucinógenas, utilizadas também de forma terapêutica e fisicamente benéfica, ou seja, a perfeita trindade da harmonia do ser humano; corpo, mente e alma.


Nesse grande movimento ideológico hippie pós a descoberta do LSD (1943) e a grande contribuição de Leary, que une o pensamento hippie sobre o LSD, aplicando-o as questões metafísicas dos tibetanos (que são muito aceitas pelos hippies), formulam o mundo hippie (óbvio que havia fatores diferentes, mas que não há necessidade de serem detalhados aqui). Se resumindo, a psicodelia.


Como diz Alvin Toffler; "Uma nova civilização está surgindo em nossas vidas, e indivíduos cegos, espalhados por toda parte, tentam suprimi-la. Esta nova civilização traz consigo novos estilos de família; modos diferentes de trabalhar, amar e viver; novos conflitos políticos; e por detrás de tudo isso, estados alterados de consciência (...). O nascimento dessa nova civilização é o fato mais explosivo e singular de nossos tempos. É o evento central, a chave para compreender os anos que estão por vir. É um acontecimento tão profundo como a Primeira Onda de mudanças lançada há dez mil anos com a invenção da agricultura, ou a estrondosa Segunda Onda iniciada pela revolução industrial. Nós somos as crianças da próxima transformação, a Terceira Onda." (Leary, 1963: 3).


Essa nova geração podia fazer tudo, ela havia encontrado a consciência e resgatado os ensinamentos antigos. Conseqüência ou não da globalização, o acesso a culturas distantes e a aparente semelhança entre elas faz com que se torne uma verdade lógica, pela assimilação, se torna uma concepção, um estereótipo. Consequentemente um universo tão complexo como este atraiu milhares de pessoas; tanto pelas drogas, quanto pela musicalidade da época. O movimento era uma proposta de alternativa, oferecendo uma cultura guiada pela música e pela psicodelia. Passou a ser um estilo de vida, uma cultura global, onde todos são bem aceitos e encontram seu lugar. E se tornou moda ser hippie.


Dado este momento (a banalização do movimento, ou seja, a enorme presença de “freaks”), drogas como cocaína, heroína e ópio surgiram dentro do universo dos “heads”, e começou a sua decadência pelo fim da década de 1960. Depois que São Francisco e outras cidades estavam saturados. Nos finais nos anos 60, quando esta cultura se expandiu para o mundo, já era o tempo em que os que estavam nesta “consciência alternativa” estavam desiludidos com o materialismo do oeste e vão para a Índia em busca de espiritualidade.


O Nascimento.


Foi no estado de Goa, na índia, onde se pode afirmar que a cultua psy-trance nasceu. Goa era uma região colonizada pelos portugueses e uma região cristã. Diferente das outras regiões indianas, Goa possui uma maior tolerância e diversificação cultural. Goa era um “ponto de encontro internacional”, pela sua cultura espiritualizada e não materialista; muitos adeptos aos ideais hippies, antropólogos, místicos e traficantes de drogas viajavam frequentemente para a região. Faziam-se diversas festas que tocavam rock-psicodélico e reggae em grande maioria, até que entre os anos de 1987 e 1988, o DJ Laurent introduziu a música eletrônica nestas festividades, no início não foi muito bem aceito, mas em pouco tempo se tornou uma febre e causou uma reação em cadeira que revolucionou o cenário da música eletrônica internacional.


Pode-se perceber uma grande diferença entre a queda do movimento hippie e a introdução da música eletrônica nas festividades de Goa. Isso ocorre devido a um processo de aculturação. Paralelamente em que os viajantes transformavam Goa, estilos de música eletrônica começavam a se desenvolver, como na Inglaterra e Alemanha.


Dentre os hippies que vieram da Califórnia para Goa, destaca-se o DJ Goa Gil. Gil resgata a musicalidade xamânica, os tambores repetitivos, e a une com a música eletrônica e conceitos de Yoga, tudo isso para “redefinir o antigo ritual tribal para o século XXI” (Goa Gil: Site). Se utilizando, numa cerimônia, a música, enteógenos e a dança. Nas próprias palavras do Mestre Goa Gil, “Dança é meditação ativa... Ao dançarmos nós vamos para além do pensamento, além da mente e além da nossa individualidade... Tornamo-nos UM no êxtase divino criado pela união com o espírito Cósmico... Esta é a essência da experiência do trance através da dança...” (Site). A semelhança entre a musicalidade dos rituais xamãs e a música eletrônica de Gil pode ser analisada por meio do eletro encefalograma (EEG). Pela proposta de Gil, o que pretende trabalhar é a região cerebral afetada pelo comprimento de ondas de 8 a 13 Hz (região occipital, córtex visual), ou seja, expandir a consciência, e concentrá-la no mundo interior (Gramacho, 2002).


Surge aí o que pode ser chamado de “techno-xamanismo”, ou seja, um xamanismo adaptado ao universo do trance com ferramentas tecnológicas.  Devem-se analisar as semelhanças que comprovam tal afirmação. Antes de tudo a própria música, repetitiva, com sons graves (“grooveado”) e estimulantes ao transe; características dos tambores utilizados pelos Xamãs. O DJ toma o lugar do Xamã, ele (o DJ) determina a batida, e deste modo o ambiente no evento, exatamente como um Xamã faria. Unindo a dança (muito utilizada em rituais xamânicos) e a música, só faltaria uma evidência para provar que as festas de psy-trance tem como proposta ser um ritual; o uso de enteógenos. É mais do que de conhecimento geral que tribos xamânicas utilizam de plantas alucinógenas em seus rituais para alcançar seus determinados fins (cura, expansão de consciência, viagens astrais...), como o Mescalito no México, Ayahuasca (DMT) nas regiões de influência Inca, o Hashish na Índia, dentre outros. E é o que vemos nas “raves” da época, um enorme uso de LSD e Maconha, exatamente com a mesma proposta que os hippies tinham nos anos 60.


O que se percebe nesta tribo é que ela é universal, a todo instante influências externas chegam, novas regiões do planeta são “infeccionadas” com o trance, e, deste modo, a cena não para de crescer. E é isso que torna o universo do psy-trance tão singular, além de ser um estilo de música muito atrativo, é também um estilo de vida, uma filosofia que sobrevive desde a época dos hippies.


Irei destacar uma grande expressão da manifestação da cultura trance. Os festivais de música eletrônica.


Os festivais, de modo geral, ocorrem em locais distantes da civilização, em locais paradisíacos que possibilitem um grande contato com a natureza. Tem a duração aproximada de três a sete dias de evento. O público de modo geral, tem de dezoito a trinta anos de idade, mas mesmo assim, há diversas exceções. A proposta do evento sempre toca no campo espiritual; celebração da vida, resgate dos ideais do psy, das origens, etc. Possuem uma grande estrutura, que vai desde a pista de dança a espaços dedicados a Yoga e terapias esotéricas. Ou seja, os festivais são um dos resultados de toda a mistura de ideais, crenças, etnias e filosofias que se encontraram na índia, mas que só foi possível devido ao movimento hippie da década de 1960. São eventos que atraem pessoas do mundo inteiro, dando continuidade a troca cultural que ocorria no início do movimento. A cultura trance foi concebida com os hippies da Califórnia, mas nasceu numa enorme miscigenação e diversidade cultural do estado de Goa.


A Imagem.


A imagem escolhida é um momento captado num festival que ocorre em Portugal, o Boom Festival. Como se percebe, o local é uma pista de dança, muito provavelmente a principal (mainfloor). No primeiro plano temos duas crianças, de aproximadamente nove anos de idade, jogando Poi (espécie de malabares que surgiu na Tailândia). No segundo plano está o público geral da festa, vestidos de forma alternativa ao proposto pelo mercado da moda internacional, tocando muito nas indumentárias clássicas dos hippies e do ambiente de raggae, ou seja, roupas confortáveis, largas, com desenhos geométricos, mandalas, formas psicodélicas e cores neutras e chamativas em equilíbrio.


Ao ver esta foto, o observador irá automaticamente associá-la a algum evento de música eletrônica, talvez por fazer parte, ou por saber da existência deste tipo de ambiente, mas é de conhecimento geral que esta atmosfera, ou, ambiente, seja de eventos da “e-music”. Mas, o ponto de vista irá variar do quão entendido a pessoa é sobre a cena, ou o quanto ela é alienada a saber (Burke, 2004). Seria comum uma pessoa observar esta fotografia e acusar os pais das crianças de negligência, pois está expondo a criança a drogas. De certa maneira, a criança está em contato com pessoas que usuárias destas drogas, mas o diferencial está no contexto onde estas crianças estão inseridas, já longamente dissertadas anteriormente.


Ao observar esta imagem, pode-se afirmar que os pais ou responsáveis desta criança são pessoas que estão inseridos na cena, que são pessoas que muito provavelmente vivam a cultura trance, sejam “roots” (equipare esta expressão à posição dentro de um movimento, como os “heads” no movimento hippie). Estas crianças irão conviver num ambiente que possui influências culturais de quase toda a região do planeta, possuirão, provavelmente, certos arquétipos de personalidade, como a preocupação pelo meio ambiente, a espiritualidade, os ideais do PLUR (sigla em inglês que resume os ideais do psy-trance, “peace”, “love”, “unity” e “respect”), etc.


Mas o significado desta imagem vai muito além do que os responsáveis das crianças poderiam ser e o que elas poderiam vir a ser. Esta fotografia faz uma quebra dos estereótipos postos sobre as festas “raves” pela mídia. Depois de uma reportagem na Record mostrou unicamente o lado de uma festival que ocorreu em São Paulo, o festival Solaris, foi criada um paradigma que quem freqüenta “raves” são drogados, e vão lá unicamente para isso. É fato que muitos dos freqüentadores destas festas vão para poder se drogar, mas outros vão também pela cultura, e se tornou um grande paradigma, defender esta cultura é arranjar desculpa para se drogar e ir para estas festas é se assumir como drogado.


Essa afirmação ficou tão consolidada que se alguém faz uma reportagem sobre “raves” sempre mostram o lado negativo, reafirmando este paradigma. As raras reportagens benéficas, falam pouco, mas mesmo assim não possuem força para mudar esta “verdade”.


Ao se utilizar de fotografias como esta, o público geral observa uma clima familiar. As crianças estão bem, as pessoas em volta não estão com caras de drogadas nem se comportando como; estão alegres de modo geral. Não se percebe muito trabalho sobre a luz, pois o foco é claramente as crianças, não importando muito como está à luz ou o ângulo.


Sobre a luz, há uma observação a ser feita. O uso único da luz natural, associando ao ambiente, as pessoas, ao chão de terra batida, reforça a imagem de um ambiente próximo à natureza. Um ambiente sem os problemas urbanos, que com certeza, são problemas muito mais maléficos a uma criança do que os problemas de uma ambiente natural.


O ângulo também não é trabalhado, nem seria adequado ser, pois estaria se criando um olhar para ser mostrado. Seria como fazer a pintura de uma pessoa de um país que você nunca foi sem utilizar impressões pessoais, reforçando certos pré-conceitos (Burke, 2004), negativos ou positivos. Não trabalhar o ângulo mostra um olhar mais cru, mais natural. E é o que se percebe, pelo ângulo, o fotógrafo estava dentro do público, próximo ao objeto a ser captado, existe aí um contato direto com o mesmo. Unindo isso ao olhar não construído da imagem, a mesma aproxima objeto e observador, como se o mesmo estivesse ali, como se a objetiva fossem os olhos dele.


Esta é a principal proposta desta fotografia, colocar o observado em contato bem próximo com o ambiente das raves, mostrar que não é algo tão paradigmático como se imagina, nem algo tão inconcebível. Esta fotografia quer mostrar uma das coisas boas que se pode encontrar no universo do psy-trance, um ambiente fraternal, onde não há paradigmas imutáveis, onde independente de como você for, u a idade que tenha, você terá seu espaço na festa.






Bibliografia



FOTO:


http://fotos.plurall.org/displayimage.php?album=90&pos=54



LIVROS:



1. BURKE, PETER. Testemunha Ocular: história e imagem. EDUSC, 2004



2. LEARY, TIMOTHY. A Experiência Psicodélica - Um manual baseado no Livro Tibetano dos Mortos. 1963



3. LARKIN, Christopher B. Turn on, Turn in, and Trance out. Lewis and Clark College: Oregon, 2003



4. NASCIMENTO, ANA FLÁVIA NOGUEIRA. Festivais Psicodélicos na Era Planetária. São Paulo: PUCSP, 2006



5. CASTANEDA, CARLOS. A Erva do Diabo: tradução de Luzia Machado da Costa – 32ª ed. Revista. Rio de Janeiro: Nova Era, 2006



6. GRAMACHO, DERVAL e GRAMACHO, VICTÓRIA. Magia Xamânica. São Paulo: Editora Madras, 2002



7. MONTAIGNE, MICHEL DE. Os Pensadores XI. Porto Alegre: Abril Cultural, 1972



SITES CONSULTADOS:



1. http://tranzine.democlub.com. (07/06/2007)



2. http://www.plurall.org. (25/05/2007)



3. http://www.isratrance.com. (07/06/2007)



4. http://www.goagil.com. (07/06/2007)



5. http://www.experienciapsicodelica.kit.net/experiencia_psicodelica.pdf (07/06/2007)



6. http://minerva.ufpel.edu.br/~castro/leary.htm (10/06/2007)



7. http://pages.apis.com.br/terapiaenergetica/Arquivos%20Selecionados/O%20Poder%20do%20Festival%20Trance.htm (05/06/2007)



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