Quando o querer esta além do ser
Quantos de nós não participa de debates, sejam eles no cara a cara ou virtuais? Acredito que grande parte. Digo "debate" no sentido de confrontamento de idéias, e não simplesmente exposição das mesmas. Os temas são os mais diversos, assim como as abordagens e os sentimentos envolvidos, encontrarmos um "problema" quando estas idéias, quando confrontadas, geram o sentimentalismo barato de impotência no outro. Impotência de mudar de opinião quando defrontado com uma "verdade" não compreendida, ou pior, não aceita.
O que se espera de um bom debate é que tenhamos um tema interessante para as partes participantes, que cada indivíduo apresente bons argumentos, defenda-os e quando não quer aceitar o argumento de outros, ao menos compreenda. Mas acredito que este tipo de debate esta excluído à academia (mesmo assim tendo diversos exemplo, a dizer os marxistas como exemplo disso). O que me preocupa nesta questão são as pessoas que não se preocupam com as idéias em si, elas tem a sua percepção das coisas, refletem (ou pelo menos esperamos isso) e formam seus conceitos; porém, independente da questão, o que importa para a massa (não no sentido social, e sim no quantitativo) é que a razão seja delas.
Exemplo disso são os defensores forenses da "psicóloga" Rosângela Justino. O que encontrei pelos fóruns da vida (principalmente orkut) é que muitos defensores desta caricatura é que eles vêem nela um símbolo acadêmico que fundamentaria a sua opinião preconceituosa. Digo "preconceituosa" justamente porque a maioria dos defensores desta "coisa" (como podem perceber estou com problemas de definição) em momento algum demonstram ter uma opinião densa de argumentos válidos, e para piorar a situação, os que apresentam possui nenhum respaldo científico que seria de fundamental importância na defesa ou crítica a qualquer profissional de uma carreira científica.
Acho que fica bem evidente que o querer estar correto predomina o ser certo, e essa questão vai muito além doa simples arrogância e prepotência humana. Este problema tem dois cernes: o primeiro (característico do ocidental) é a concepção de idéias a partir da observação dicotômica do mundo, observação esta que toma os semelhantes como corretos e os diferentes como errados simplesmente pelo fato de não serem "iguais", esta visão dicotômica é carente de pensamento analítico, pois ela é quase instintiva, é a maneira que temos (natural?) de observar o mundo, e por isso não condeno essa visão, só condeno a declaração à não reflexão das questões; o segundo problema pode ser uma consequência deste primeiro (digo consequência, pois para dar uma resposta definitiva à esta questão eu necessitaria no mínimo de um mestrado em antropologia cognitiva), é o fato de, por sermos "naturalmente" dicotômicos, aceitamos que nossa visão seja a correta mesmo após refletirmos sobre ela, ou seja, aceitamos em ser ignorantes, desculpe, erro meu, não ignorantes, burros, pois o ignorante não tem consciência de sua condição.
Eu poderia neste momento estar sendo dramático, ou mesmo sendo uma destas pessoas que estou analisando, mas ao menos tenho a decência, de ao me deparar com uma questão e ver que a minha opinião esta no mínimo equivocada, aceitar o meu erro e mudar a minha opinião. Aí sim entra a questão da arrogância, tememos ao aceitarmos nossos erros sermos visto como burros, incultos e tudo o mais, mas a falta de reflexão sobre os erros (ou, em alguns casos, da capacidade de reflexão) é pior que o ferimento ao nosso orgulho bobo, é ser ignorante ou burro.
Talvez seja por isso que muita gente por aí não quer saber de discutir, entram nos fóruns somente para ler o post de abertura e depois dão a sua opinião sem nunca mais voltar ao tópico, ela quer falar e não ser questionada. Ela quer estar correta!
Ela só pensar no "quero ser", mas por muitas vezes não consegue ser.
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