Passado de hoje
O passado por muitas vezes pode nos parecer estranho, um momento lúdico no qual, de forma nostálgica, desejamos retornar. As ilusões eram mais presentes porém me transmitiam muito mais sentido do que hoje as coisas me aparentam. A medida que crescemos vamos perdendo a capacidade de coexistir com a ilusão e sempre buscamos dar nomes e formas as coisas. Tentamos, como um senhor idoso que sonha com os "anos dourados", resgatar aquela beleza do olhar, mas percebemos cada vez mais que o nosso antigo "olhar" presenciou tantas coisas que teve que aprender a ver.
Tem muito tempo que não faço uma postagem, tinha acabado de remodelar o blog mas, de tanto ver, tive que abandonar aquilo que exige dedicação mas não gera frutos. Se necessitamos tanto de uma troca palpável para podermos ver, não seria isso um condicionamento ao invés de um aprendizado?
Muitos de nós simplesmente reagem aos estímulos da existência, buscam entender o que lhe rodeia na tentativa de ver e assim aprimorar nossa tão estimada ferramenta de sobrevivência, o saber. Mas o saber não seria desprovido de sentido se sua função ficar diminuta a idéia de conquista? Acho que a verdadeira inversão de valores que os "maduros" tanto falam não reside na diferença entre as gerações, mas sim quando desaprendemos a aprender.
Esse pequeno chaveiro esta guardado em minhas tralhas desde que eu tinha uns sete anos de idade, meu tio viajou ao Irã à trabalho e trouxe essa lembrança pra mim. Lembro perfeitamente o quanto fiquei maravilhado com isso, por mais que fosse criança o chaveiro mostrou-me que um outro mundo existia de forma tão real quanto o que eu vivia. Por mais que "visse" mais do mundo pela televisão, revistas e coisas do gênero, nada seria mais real do que um objeto feito a mão por uma pessoa de outro mundo, quase que literalmente. A aproximação da alteridade!
Hoje deixamos de aprender com os simples fatos da vida, buscamos categorias e preceitos morais para poder entender tudo a nossa volta. A simples existência das coisas não mais nos ensina! A verdadeira inversão de valores, estes que são um dos elementos ordenadores de nossa realidade, encontra-se no momento que deixamos de ver o mundo a simplesmente passar os olhos. Se reside no momento que somente reagimos, e não aprendemos.
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