Falando de ciclos
Assunto: Antropologia , Ciclicionismo , Cosmologia , Espaço , Maias , Tempo , Teoria Transpessoal
Desde os primórdios da sociedade, o homem sempre procurou descobrir qual era o seu lugar na Natureza, no mundo, na sociedade e em qualquer outro meio onde faça parte. Sempre fizemos parte de algo maior, nossa posição já foi da mais miserável possível, como na sociedade abacate, assim como também fomos “deitificados”, como defendido a unhas e dentes pelo humanismo.
Como já discuti, o ser humano sempre tentou se categorizar, porém nunca encontramos nenhuma resposta do que somos, ou, o que somos neste mundo. Não pretendo dar respostas ou alongar um debate sem fim, busco elucidar uma visão particular de quem é o homem na Natureza, sua relação com Ela e como ele interage com a mesma no campo material, energético e espiritual.
O que pretendo com este ensaio é indagar sobre o princípio e o fim do humano, de onde veio e para onde vai. É óbvio que minhas palavras não passam de uma investigação amadora, porém vejo que certas respostas se esquecem de determinados elementos mais claros nos dias atuais e que tem o potencial de mudar completamente o nosso modo de observar a realidade e também mudar as nossas próprias perguntas.
Antes de tudo gostaria de falar sobre o tempo e o espaço. Existem diversas teorias acerca do tempo, das mais místicas possíveis às mais presas dentro de uma lógica mais pragmática. Comecemos com um preceito básico, tempo não existe sem o espaço! Como já dizia Einstein, o tempo varia e existe na mesma proporção que existe o espaço. Desta maneira, ao observarmos que o espaço cresce numa escala progressiva, o mesmo ocorre com o tempo. Pensando assim, encontramos certas “respostas”. De onde viemos? Cientificamente falando, nossa origem encontra-se no Big-Bang, poderíamos perguntar, e de onde veio o Big-Bang? Aí esta o X da questão, o Big-Bang não veio. No “instante” anterior a grande explosão, toda a matéria de nosso universo estava condensada num único ponto de densidade infinita. Neste “momento” não existe espaço, assim como não existe o tempo. É um momento “eterno” simplesmente por não esta localizado no tempo, as forças que atuam sobre o mesmo estão para além das forças materiais, dentre muitas podemos citar a antimatéria. Algo provocou o Big-Bang, o que é realmente não sei, se soubesse, teria em minha casa um diploma do prêmio Nobel, tudo o que posso afirmar é que o Big-Bang provocou a expansão do espaço e do tempo sobre determinada aceleração. Haverá um instante em que o universo irá parar de se expandir e começará a retornar ao seu ponto de origem, e, novamente, irá explodir em outro Big-Bang. Este a meu ver, se realmente for um fato, é o ciclo maior do espaço e do tempo. Poderia até tentar afirmar que a força que provocou o Big-Bang é o próprio retorno da matéria ao seu ponto de inércia estática, mas não tenho conhecimento científico específico para afirmar isso.
E o ciclo do tempo, como fica? Para falar sobre isso eu me utilizo da teoria do tempo dos Maias. Para eles, o tempo é formado por diferentes ciclos, começando pelo dia (Kin) indo até um ciclo maior de 144.000 dias (Baktun). Eles se dividiam em cinco principais ciclos, o Kin, o Vinal, o Tun, o Katun e o Baktun. Além disso, eles também falam de um “ciclo profético, ou “contagem longa” que equivale a 13 Baktuns. Estamos muito próximos a fechar mais um ciclo profético, que finaliza em 2012. Se formos observar a “Pedra do Sol” nós estaríamos dentro da Quinta Era. Cada era para os Maias seriam de 9.360.000 dias, o tempo equivalente á duração do movimento de precessão da Terra, também conhecido como “movimento de inversão dos pólos”. Na escola aprendemos que este movimento dura aproximadamente 26.000 anos (9.360.000 dias = 26.000x360). Como podemos observar, o calendário anual dos Maias que dura 360 dias, dito como errôneo, é muito mais correto em relação ao movimento de precessão da Terra do que qualquer outro. Como podem ver, a contagem do tempo Maia, dada como mística, na verdade é um postulado matemático muito mais exato do que qualquer outro calendário, em perfeita sintonia com o movimento dos cosmos. É mais do que sabido que os Maias se utilizam do calendário também para fins religiosas, porém temos que ter em mente que para determinado fim, eles utilizavam um calendário diferente. Para as celebrações religiosas utilizavam o calendário sagrado (Tzolkin), para as práticas cotidianas (como o cultivo) usavam o calendário civil. O que me interessa para indagar sobre o tempo é o calendário de contagem longa, que fala justamente sobre a questão de eras, de ciclos da Natureza. Seus meses eram baseados nas fases da Lua e com o posicionamento da Terra no Sistema Solar. Por esta razão, vejo o calendário Maia como o melhor possível para nos focarmos quando quisermos falar sobre a nossa posição no tempo. Por mais que pareça místico, os Maias deixam bem claro como existem diferentes ciclos nos Cosmos. É sob este prisma que observo o tempo, sem contar com as teorias quânticas.
Mas aonde eu quero chegar falando do calendário Maia? Pretendo falar sobre as semelhanças entre ciência e religião. Assim como podemos observar o ciclo da matéria e do tempo (lembrando que nunca poderia falar o que este ciclo realmente é, pois para falar disso chegaria a um ponto onde a fé iria comandar meu discurso, seja uma fé baseada no espírito, seja na ciência) tudo me leva a crer que qualquer elemento que exista, seja no mundo material ou no mundo energético ou no mundo espiritual (independente do que ele seja), esta dentro de alguma espécie de ciclo. Nós nascemos e morremos, a água que esta em determinado corpo demorará cinco milhões de anos para estar ali novamente, o Sol sempre nasce, etc. A física quântica já defende que nossas ações são determinadas pela estrutura dos cosmos, sendo assim o universo é determinista, preso dentro de uma lógica, e assim também diziam os Maias...
Será mesmo que os aspectos religiosos são tão diferentes dos científicos? Não buscamos a mesma coisa? Seja esta coisa a verdade ou o não, buscamos o conhecimento. Como já diz uma música “I was blind, but now I see”, nós agora podemos dissertar sobre as semelhanças entre religião e ciência, éramos cegos ao acreditarmos que ambas seguiam caminhos opostos. A propósito, vale lembrar que quando falo sobre religião não estou citando preceitos morais, e sim a prática espiritual mais pura possível, aquela que podemos estudar através da psicologia transpessoal, e que por mais que possa irritar alguns, não se encontrar nas religiões “abraamicas” e sim nas crenças politeístas ou animistas. Tais religiões possuem preceitos por demais semelhantes aos que encontramos na física quântica, nas teorias do tempo e etc.
Quero ao fazer este ensaio excitar os leitores a compreender que todos estão dentro de um ciclo que é compreendido tanto pela religião (como a reencarnação) quanto pela ciência (movimento de precessão da Terra).
Este é o primeiro de muitos ensaios que pretendo escrever sobre o tema, a princípio só quis elucidar sobre o que quero falar quando digo “ciclicioniso”, um ponta pé inicial para um debate que fala sobre ciência, religião, cosmologia e toda e qualquer forma de conhecimento produzido pelo ser humano que dialogue com movimentos cíclicos, seja em qual escala for.
Religião, ciência, filosofia... Foi como conversei pessoalmente com você, são tentativas de explicar o inexplicável... O grande lance da vida? Deliciar-se com estas questões, no gozo do aprender, do saber, e do descobrir, mesmo que nos deparemos ao final inexoravelmente com um desconhecido ainda maior!